quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A metade já se foi... "última vermelhinha".

Cheguei na metade do caminho. Fiz ontem minha quarta quimioterapia. A última "vermelhinha", aquela que faz cair os cabelos e é a mais chata. Portanto, se vou tomar a última dose dessas, meu cabelo pode começar a crescer. Dizem (os médicos) que normalmente ele volta a crescer logo, mas também pode demorar um pouco e começar a crescer somente no fim do tratamento. Agora que eu já estava acostumando com minha carequinha... Sobre as reações: estou sentindo somente muito sono e mal-estar. Espero ficar melhor desta vez... quando eu estiver me sentindo ruim, vou me lembrar de que fiz a última vermelhinha, que estou na metade do caminho e que agora só faltam quatro...


No começo desta semana fui a onco (Dra. Patrícia - que vai me deixar por um curto período de tempo por causa de sua gravidez, mas me deixará em boas mãos) e também à nutricionista com minha mãe, especialista em nutrição oncológica. Tirei várias dúvidas e quero seguir à risca as instruções que me passaram. Vamos lá... mãos à obra.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Reações da quimio

As reações (quimioterapia) mais uma vez, foram parecidíssimas com as duas primeiras sessões - moleza, cansaço, tontura, mal estar, enjoo, sono, muito sono, chatice (fico chata nos primeiros dias), tristeza, taquicardia... só que desta vez senti umas sensações novas e estranhas como se meu corpo estivesse flutuando ou se eu estivesse pisando em nuvens... achei que fosse loucura, mas conversando com uma colega na meditação, descobri que estas sensações são normais... outras vezes, senti também uma dormência no corpo todo. De todos esses dias, desde a quinta-feira passada (dia da quimio), só hoje estou me sentindo muuuito bem. Até ontem tive altos e baixos. Tem hora que está tudo bem, mas de repente do nada, quero deitar e dormir... muito doido tudo isso. Notei também que engordei, estou inchada (por causa dos corticóides injetados na quimio ocorre uma retenção de líquidos). Pela primeira vez estou me sentindo gorda. Dá fome de meia em meia hora, não sei o que fazer e logo depois da comilança, lá vem a fome outra vez. A barriga parece estar vazia a toda hora. Os cabelos (os poucos fios que resistiram), não sei se ainda estão caindo ou se estão crescendo, de vez em quando aparece um fiozinho encravado... deve ser assim, cai e cresce.


Anteontem, fui em uma consulta com Dr. Bruno (Masto). Conversamos bastante sobre o que vai acontecer daqui pra frente. Ele é a favor de daqui um tempo, tirar a outra mama. Há 50% de chances de dar na mama que restou. Ele prefere não arriscar. Mas tem médico que não concorda. Quando chegar a hora, farei várias consultas para ter certeza do melhor a fazer. Mas já digo que prefiro. Não quero passar por tudo de novo. Se há um risco, vamos eliminá-lo logo. Minha mãe concorda plenamente. Falamos também sobre as chances de reincidência. Conforme forem passando os anos, menor o risco de uma reincidência. O período mais crítico parece ser entre 3 e 5 anos. O que podemos fazer? Só melhorar o estilo de vida... alimentação, meditação, atividade física, fora cigarro, fora álcool.. claro, se eu fizer tudo isso estará perfeito, mas ninguém é perfeito... a única coisa que posso afirmar é que vou tentar e quero mudar muita coisa. Mais uma vez o Dr. Bruno lembrou - bendita Mastite! - se não fosse ela... aí paro mais uma vez para agradecer! Obrigada pela minha vida meu Deus! E falando em agradecimentos, mais uma vez, minha mãe escreveu. Ela acordou estes dias, com uma vontade de agradecer e o fez:


Família e amigos: um presente de Deus

No decorrer da vida, desde o ventre e ao darmos o primeiro respiro, nos relacionamos. Este relacionamento desde os primórdios da existência é que nos favorece com sensações de paz, aconchego, ternura, carinho, sossego. Nosso equilíbrio emocional é auxiliado por este contato tão fundamental à existência humana. Deus, em sua sabedoria suprema, nos proporciona convivências durante a nossa vida que certamente não ocorrem nem por acaso e nem em vão.
Quantas vezes nos sentimos muito bem ao lado de uma pessoa, e de outra, às vezes, temos dificuldade de aproximação? Que sentido teria estas situações?
Creio que Deus nestas situações pretende nos ensinar algo sobre a construção do verdadeiro amor e do desafio de permanecer nele.
O grande desafio é o de superar as dificuldades exercitando o perdão, o ouvir, o compreender, a gratidão, o sentir-se no lugar do outro para aceitar melhor seus sentimentos e limitações e ajudar a crescer, a evoluir...
Esta é a oportunidade que Deus nos dá colocando-nos neste imenso laboratório que é a vida para evoluirmos aprendendo sobre o amor incondicional – onde amamos e não pedimos nada em troca. Nos beneficiando da sensação de doar somente, e se sentir feliz, realizado com isso.
Na nossa condição humana temos dificuldade de exercer este amor por não entendermos bem esta dimensão do SER e não do TER.
Você é meu, não divido com ninguém...
Isto me pertence, não use...
É o meu direito... é o meu espaço...
Nos apegamos a coisas, objetos, sentimentos que nos fazem sofrer por nos afastarmos da dimensão espiritual, a nossa dimensão eterna, que vai além do corpo.
E na trilha da vida permanecemos no desafio de buscá-la e trazê-la à tona, superando obstáculos, para amar verdadeiramente, integralmente.
Nestes momentos pensamos o quanto é bom o aconchego da família, dos amigos, na alegria, nos festejos, o estar junto.
E é nos momentos de dor que realmente exercitamos o verdadeiro amor, agradecendo as vitórias, as oportunidades, porque nestes momentos é que paramos para refletir e aprender. O sofrimento é uma misericórdia de Deus nos possibilitando evoluir. Assim podemos redimensionar o amor e perceber o quanto é bom o abraço, a presença, o olhar solidário, o estar junto novamente.
Deus, como diz a cantora Amelinha em uma de suas músicas: “Fez nascer a eternidade num momento de carinho”, e é com esta crença que agradeço a Deus todos os laços constituídos de familiares e amigos para a eternidade, porque, creio, são para além desta vida, com os encontros, desencontros, diversidades, adversidades e oportunidades de exercitar a gratidão e os desapegos (como diz a Amanda em momentos de muita luz) e superação. Obrigada a todos por tudo de bom que nos proporcionam com seu amor e carinho. Agradeço por mim, pelo Doba e por meus filhos.

Edna Mara

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O amor à vida!


Na última postagem aqui no blog estava um pouco desanimada, hoje já me sinto ótima novamente. Acho que já estou aprendendo como meu corpo reage as sessões de quimioterapia. Nos primeiros cinco dias é tudo ruim, mas depois passa. Como dizem (os médicos e outras colegas que passam pelo mesmo problema) – a gente vai aprendendo a ver e entender os sinais do nosso corpo. Ele não é mais o mesmo. Ando mais fraca para fazer qualquer coisa. Mas como estou aprendendo, também aprendi que os dias ruins passam... Há alguns dias achei que não daria conta de ir de 15 em 15 dias, hoje já vejo que dou conta sim. Vou me lembrar que disse que ia dar conta quando estiver passando mal... Quero acabar logo com tudo isso e poder levar minha vida normalmente. O “trem” é pesado, mas não é um bicho de sete cabeças. Passado os primeiros dias após as aplicações, a vida volta ao normal. Passei alguns desses últimos dias na chácara, lugar que gosto muito, que transmite paz. Lá meditei e pensei bastante em todos esses acontecimentos em minha vida. Realmente foi uma reviravolta... A descoberta da doença, a cirurgia, meus seios, meu cabelo, a quimioterapia, congelamento de ovário, o medo de não ser mãe, etc. Mas descobri no meio desse turbilhão, que existe uma coisa muito mais importante do que tudo isso que acabei de citar: o amor... o amor a vida, o amor da família, dos amigos, o amor do meu amor... tudo isso já era importante, mas hoje é muito mais. Cada coisa tem seu valor, seu significado e que vejo hoje com outros olhos. A minha vida é muito valiosa e importante, assim como a do meu irmão. E a beleza da natureza... é impressionante! A lua, o sol, o vento, o amanhecer, o entardecer, as árvores, as estrelas, os animais... amo tudo isso muito mais! Muito obrigada Deus...
Amanhã vem a terceira. Estou prontíssima...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Nossas defesas...

Hoje tem cinco dias que fiz a segunda quimioterapia e as reações, como já havia dito, estão bem parecidas com as da primeira. Com exceção de um desânimo que tomou um pouco conta de mim. Quando penso que fizemos a segunda sessão e ainda restam seis, fico realmente desanimada. A sensação dos remédios entrando em seu corpo é bastante ruim. Além dos remédios da quimio, têm outros para não dar enjoo que eu tenho que tomar durante cinco dias (acabou hoje) e daqui pra frente, em todas as sessões, tem outro medicamento (Granulokine) que tem que injetar no corpo, também durante cinco dias, para levantar a imunidade (a Dedé e mamãe estão aplicando – “minhas enfermeiras”). Mas como diz minha mãe, tenho que lembrar que esses remédios são simplesmente para eu ficar melhor e que devo agradecer. É verdade! Mas mesmo assim, bateu um desânimo... Minha médica disse que poderíamos diminuir as sessões para de 15 em 15 dias. Em um primeiro momento pensei que seria ótimo, pois este período passaria muito mais rápido. Mas agora, analisando os fatos, não sei se é melhor. O tempo entre uma sessão e outra é bem mais curto e quando eu estiver me sentindo bem, lá vem outra. Não vai dar tempo nem “pra respirar”. Fiquei pensando nisso. Ou vivo de uma vez esta fase de quimioterapia pra passar rápido ou vou devagar, sem pressa. Não sei o que fazer ainda. Vou esperar outra consulta com a Dra. Patrícia e conversar com ela sobre o que é melhor fazer. Estou tentando ficar o melhor possível, pois sei que isso conta muito. Para todo lado que olhamos, tem sempre que pensar em como lidar com tudo isso. E a forma como lidamos com as dificuldades da vida, vão refletir em nós mesmos. Uma das formas é através da imunidade. Neste momento o que importa é ela. A meditação, o FAO, as injeções de granulokine, etc. - tudo está ligado à imunidade. Em seu livro “Anticâncer”, o Dr. David Servan-Schreiber fala principalmente sobre as nossas defesas naturais, aquelas que estão escondidas dentro de nós. Elas nos dão proteção e nos defendem tanto do câncer quanto de todas doenças que aterrorizam a nossa vivência neste planeta, ou melhor, no mundo ocidental. Os glóbulos brancos são os grandes responsáveis por este combate e são elementos cruciais de nossa capacidade de desativar o câncer. Como o autor relata, nós podemos estimular esta vitalidade do sistema imunológico ou simplesmente freá-lo. Tudo depende de nós mesmos.

“Muitas pesquisas mostram que, como todos os soldados, os glóbulos brancos humanos lutam melhor se, primeiro, forem tratados com respeito (se estiverem bem alimentados, protegidos das toxinas), e segundo, se seu comandante mantiver a cabeça fria (se lidar bem com suas emoções e agir com serenidade)”.

Ou seja, nossos glóbulos brancos agem de acordo com nossas emoções. Quando aceitamos e lutamos, é assim que eles também reagirão.