quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Vamos de Tamoxifeno!


Hello! Cá estou eu, firme e forte, sem nenhum efeito colateral das quimioterapias, sem menopausa (menstruação desceu depois de dois meses do fim das químios), sem calorões, sem veias detonadas e sem um monte de outras coisas chatas. Ainda com alguns quilinhos a mais, mas esses estão com os dias contados. Depois dos exames que estavam todos bem (gracias!), passei pelo radioterapeuta que decidiu não me incluir na rádio novamente, por eu já ter feito 28 sessões em outra ocasião na vida. Isso impede ou dificulta uma nova radiação no local já irradiado. Aliás, acredito que só em último caso faríamos radiação nos locais afetados. Porém, não se pode irradiar um mesmo local novamente, pois os danos poderiam ser muito graves. Acreditem que até uma constela se pode quebrar. Credo, né? Fiquei muito aliviada de não ter que fazer radioterapia novamente.

Daí, sem rádio, partimos para o tratamento hormonal. Como meu tumor dessa vez veio positivo para os receptores hormonais, o protocolo é o uso de um medicamento em forma de comprimido que inibe os efeitos do estrogênio (hormônio feminino) no organismo, que no caso, é um combustível para as células cancerígenas. O nome dele é TAMOXIFENO, “meu melhor amigo” pelos próximos 10 anos. Aff.... 10 anos? É isso aí. As últimas pesquisas indicam que o uso prolongado que era de 5 passou para 10 anos agora, para o uso desse medicamento. Bem, na verdade, estou fazendo um teste com o medicamento de 21 dias e volto na médica na amanhã para avaliarmos como estamos nos saindo. Pelo que tudo indica vou continuar tomando ele, pois não estou sentindo quase nada.  Como é bom isso. Aliás, acredito que ele até trouxe minha libido (que estava perdida) de volta. Bom demais!!! Hehehe. Segundo a minha mediquinha linda, dentre os efeitos colateriais do tamoxifeno (que são muitos), os piores seriam: os calorões (porém, diferentes e menos piores dos que o da menopausa), as dores articulares (não muito diferente das que sentimos nos períodos de químio) e o pior de todos, de acordo com ela, as alterações de humor, pois ninguém consegue conviver com gente chata, depressiva e mau-humorada por 10 anos, nem a gente mesmo se agüenta. Bom, não sei se é recente falar, mas estou tranqüila. Não ando sentindo praticamente nada por enquanto e espero que continue assim. O problema é que ainda faltam 9 anos e 344 dias para acabar...rs.

Sobre o CABELO, aí vai uma fotinha. Realmente ele ficou muuuuuito ralo, com algumas partes falhas em cima o que me obrigou a usar por algum tempo algumas faixas e lenços para tampar a parte falha. Mas chegou uma hora que ele estava tão pouco que o melhor foi cortar “estilo Joãozinho”. As partes falhas cresceram e corte ficou muito legal. Estou curtindo essa fase. Portanto, mas uma vez venho falar sobre a TOUCA HIPOTÉRMICA. Ela vale à pena se você não quiser ficar careca e tiver essa opção, apesar dos 5 minutos iniciais de dor parecerem uma eternidade. Definitivamente, é melhor sim, do que deixar o cabelo crescer do zero.  Sou daquelas que não gostam de usar nada na cabeça, por isso nunca usei peruca e usei muitos lenços da primeira vez, mas assim que deu, parti para a cabeça careca mesmo, sem lenço e sem documento. A cabeça livre dá uma sensação boa de liberdade.

Semana que vem tenho uma mamotomia de um nódulo na mama esquerda agendada. Além de tudo, vez ou outra aparecem esses nódulozinhos para nos preocupar. Mas já fiz punção na mama esquerda umas 3 vezes e graças a Deus não era nada. Tudo indica que a minha mama doente é a direita. Porém, por via das dúvidas, vamos lá ver de qual é desse nódulo. Entretanto, quero também deixar claro aqui que pretendo fazer a mastectomia profilática do lado esquerdo o quanto antes para evitar ter que ir ao médico sempre puncionar esses nódulos. Vou atrás de um geneticista o mais urgente possível para avaliar a possibilidade de fazer o teste genético, BRCA 1 e 2, para depois tentar essa cirurgia pelo convênio. Processo longo, mas vou tentar. 

Mudando de assunto, vem aí o 7º ENAP – ENCONTRO NACIONAL DAS AMIGAS DO PEITO/MENINAS DE PEITO, que neste ano irá acontecer em Goiânia. Estarei lá, aliás, estaremos, eu e mami, prestigiando e compartilhando com minhas queridas amigas do peito, nossas histórias de vida.
Finalizo por aqui, triste pela partida da linda Betty Lago e pela notícia de que uma grande amiga está iniciando essa batalha que nós bem conhecemos (Força, minha amiga! Estarei com você para o que e vier!).

Partiu, GYN!  Partiu, ENAP! Fui. 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Aniversário e fim das químios (parte II)




Há 11 dias fiz ANIVERSÁRIO. 36 anos. Para mim o dia do aniversário significa que você está entrando em um novo ano, um ano seu. Portanto, é um dia de transição, de reflexão, de renovação. Eu penso assim e adoro o dia do meu aniversário. Alguns dos meus últimos vêm sido acompanhados de surpresas. Na verdade não somente o dia, mas os que giram em torno do “meu dia especial”. Há seis anos atrás fiz a cirurgia de mastectomia e fiquei noiva. Nos outros anos fui parabenizada com exames de controle sempre nessas datas, por coincidência. E agora, em 2015, comemorei, além do meu aniversário, O FIM DAS QUÍMIOS. Foi comemoração dupla.
  
Falei “parte II” no título deste post, pois já comemorei o fim das químios uma vez, e achei que fosse pra sempre. Porém, o destino me reservou mais algumas. Foi difícil de novo, foi desafiante de novo, foi amadurecedor. Mas passou! Agora só me resta me livrar fisicamente dos 5 kg que ganhei, pintar os cabelos brancos, esperar os outros 50% crescerem de novo (vou cortar os cabelos mais um pouco para ajudar nesse processo), esperar a menopausa e seus efeitos indesejáveis passarem, cuidar da minha pele, de mim, do psicológico todo dia e seguir em frente. Vou partir para os exames e vamos analisar a possibilidade de radioterapia novamente.

No momento, o sentimento é de GRATIDÃO. A ideia é superar as dificuldades com força, fé e resignação.

Ganhei festa surpresa da equipe de oncologia do hospital, junto com minha médica linda. Minhas parceiras, mamãe e irmã Débora também estavam presentes. Fiquei  muito feliz com a minha festinha surpresa que teve comemoração dupla. Agradecemos todos com uma cesta deliciosa cheia de guloseimas. Todos são especiais.


Depois comemorei meu niver com um jantar especial e minha família linda!


Aqui, estou querendo mostrar como ficou o meu cabelo, depois de 12 sessões de taxol e usando a touca hipotérmica. Falho, ralo, branco, mas têm cabelo!

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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Refletindo a recidiva


Então. Tem horas que a gente precisa refletir.

Como estou lidando com tudo isso?

Confesso que em certos momentos, pensei: “Não acredito! Essa merda de novo! Sou eu mesma? Sério? Câncer? De novo? Ãh?”. Deu-me certa aflição de pensar em viver tudo de novo.  Questões como será que meu cabelo vai cair, se vou engordar, se vou ficar “louca” de novo, entre outras, ficam rondando a nossa mente por um bom tempo.
Como marinheira de primeira viagem, em certos momentos tive medo do que poderia enfrentar, mesmo sem saber ao certo o que viria pela frente. Agora, no segundo diagnóstico, cheguei a ter pena de mim mesma e o medo aumentou, pois dessa vez, sabia exatamente com “quem” estava lidando. Nessa nova jornada bateu um frio na barriga. Desde que me descobri doente pela primeira vez, leio, estudo, tento saber ao máximo tudo relacionado ao câncer, gosto de estar bem informada e acaba que nos tornamos quase “especialistas” no assunto. Hoje já conheço a doença, já convivi com ela, já conheço o meu corpo, sei os meus limites, aprendi (ou não..rs) a lidar com meu psicológico e a respeitá-lo. Tento ser calma, fazer tudo no meu tempo e respeito os meus limites e desejos.

O que eu aprendi até agora?

Aprendi que ter paciência é a chave para o sucesso. E que a ansiedade é nossa inimiga número um, pois é ela que te agonia, que te faz acelerar as coisas, que faz com que você queira passar por tudo isso logo, acabar finalmente os tratamentos, e assim ela vai, te atropelando. Dessa vez estou tentando trabalhar bem a ansiedade, aliás, acho que comecei a aprender a lidar com ela há cerca de 6 anos atrás, e hoje, posso dizer que tento controlá-la ao máximo.
Aprendi também a me respeitar acima de tudo.  Aprendi a ouvir o meu silêncio, o silêncio da minha alma, do meu interior, da minha paz interior. O silêncio interior gera o sentimento de confiança, equilíbrio e de paz, que só pode ser encontrada no interior de cada um de nós. Eu preciso do silêncio comigo mesma. Este é meu câncer, meu carma, minha vida, minhas descobertas, meu momento de crescer e aprender, minha evolução pessoal, meu momento de reflexão, superação e renovação, meu momento de ter mais fé e ser mais forte. É difícil explicar o que estou passando ou sentindo. Uma hora você está feliz, meia-hora depois triste, depois chora, depois ri. A gente vive em altos e baixos, dias bons e dias ruins. Há dias que não se tem vontade de dizer uma palavra, ou ver ninguém, nem se olhar no espelho. E eu me respeito.
Desta vez quis ficar mais reservada, viver o que eu tinha que viver comigo mesma. Resolvi me preservar mais e não expor para muitos o retorno da minha doença. Porém, agora, me sinto mais à vontade em lidar com a situação e acredito que a informação deve ser passada, para principalmente, alertar mais mulheres sobre o câncer de mama e o risco de recidivas. Quanto mais a notícia corre, mais pessoas podem se prevenir desse mal.
Aprendi que a família é nosso maior tesouro. São eles que estão ali do seu lado, dia e noite, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Não tenho palavras para expressar meu sentimento de gratidão e alegria ao ter meu marido, meus pais e irmãos ao meu lado sempre, todos se revezando para estarem comigo nos pós-químios, mudando suas rotinas. E aproveito para agradecer também o carinho e preocupação de minhas tias e primas em especial, que não deixaram de enviar palavras de apoio e carinho, além de algumas pessoas amigas e parentes muito queridos.
Aprendi que existe amor ao próximo. Aprendi que existem pessoas que nem te conhecem ou que acabaram de te conhecer, e que, com o coração cheio de amor, fazem orações, desejam e nos oferecem suas melhores energias, e ainda nos presenteiam com gestos e palavras de carinho, demonstrando que ainda existe amor no mundo.
Aprendi também que tudo passa. Que os momentos ruins vão virar momentos de aprendizagem e os bons virarão boas lembranças. E que por mais que esteja difícil hoje, amanhã pode ser melhor. Vamos dar tempo ao tempo.
Aprendi que temos o livre arbítrio todos os dias e que podemos escolher sofrer com a dor ou sentir dor sem sofrer. Pois “a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”. Escolhi não sofrer. Mas tem dias que eu digo sim: FODA-SE! Vou gritar, vou chorar e FO-DA-SE!
Aprendi a me desprender de coisas e pessoas que não me acrescentam, a me aborrecer menos e viver mais. Viver o que eu gosto de viver, curtir quem eu amo e o que amo, fazer as coisas que eu mais gosto na vida. Pois já temos muitos problemas que não podemos escolher viver, o que se resume naquela velha frase: “o segredo da felicidade é escolher a comédia e largar o drama”. O drama já existe, não? Então, vamos sorrir!

Conselho para evitar uma recidiva?

Tenha atenção! A qualquer sinal diferente em seu corpo, procure seu médico. Nódulo sólido, como no meu caso, principalmente. Procure verificar o que está diferente no seu corpo e investigue sempre. Se eu pudesse voltar um pouco, talvez tivesse pedido para minha mastologista retirar o nódulo enquanto ele ainda era suspeito de ser apenas um lipoma. Não sei se adiantaria alguma coisa, mas temos que correr antes dele. E não podemos esquecer que cada caso é um caso. Então, apenas fiquem de olho atento!

Por enquanto, sigo para minha última químio (12ª de taxol), que vem de presente de aniversário, dois dias antes de eu completar meus 36 anos. Ainda vai ter radioterapia e hormonioterapia. Mas acho que de químio, tá bom, né?
Ainda continuo odiando a touca hipotérmica, mas não dá pra desistir no final, os primeiros cinco minutos de dor passam rápido e está valendo à pena no sentido de que ainda tenho uns 50% fios de cabelo na cabeça. E ainda é melhor deixar o cabelo encher (ter volume) novamente do que deixar crescer a partir de uma cabeça careca. Mas se você não está a fim de se sentir incomodada durante as químios, não liga tanto assim para os cabelos, vai agüentar ver o cabelo crescer ou se quiser se sentir mais livre, não use a touca. Mas se você não quiser ficar careca e acha que suporta tranquilamente estes minutinhos de incômodo durante as sessões, use a touca. Eu recomendo.

Nas fotos estou usando a touca durante a QT, ganhando beijo da mami, depois mostro como a touca fica congelada e como está meu cabelo molhado em cima. Inclusive já está mais ralo que isso, e branco, cheio de fios brancos.

Por aqui continuamos em busca de paz, de uma vida mais saudável e ao mesmo tempo sustentável, para ter mais saúde e viver mais. No mais, ando muito cansada. Mas sei que passa. Vou respeitar meu tempo.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

E as químios continuam...


Como contei no último post, ia para a 4ª sessão e foi à última com o medicamento Caelyx – o tal “vermelhinho” (associado ao Genuxal, outro quimioterápico). Porém, este que usei foi uma forma mais evoluída e mais moderna da mesma medicação que havia usado da primeira vez. Como fui submetida à antraciclina convencional em dose máxima anteriormente, desta vez ela teve de ser substituída pela antraciclina lipossomal. Essa droga tem os efeitos colaterais bem mais “tranqüilos” (ou menos piores) que a primeira citada. Nem se comparara o que senti da primeira vez com esta agora. Apesar de não ser nada bom. Um dos benefícios do Caelyx é que não tem alopecia, a queda dos cabelos. Porém, depois desses quatro ciclos iniciais ainda tem mais 12 sessões de taxol, o segundo medicamento que estou usando. De todos os efeitos colaterais que o taxol pode oferecer talvez o mais difícil (pelo o menos para mulheres que gostam de ter cabelos), seja a alopecia.

Mas como sempre há uma luz no fim do túnel, nos últimos anos foi desenvolvida uma TOUCA HIPOTÉRMICA composta de hidrogel que reduz a queda do cabelo em pacientes que estão em quimioterapia. A touca é congelada em baixas temperaturas e colocada no paciente 15 minutos antes e durante a medicação. Ela resfria o couro cabeludo, diminuindo a circulação sanguínea no local, restringindo a passagem do medicamento aos folículos pilosos, e assim, reduzindo a queda capilar. Essa touca vêm apresentando ótimos resultados, mas ainda há muitos estudos sendo realizados para avaliar a sua eficácia. Os especialistas recomendam alguns cuidados durante seu uso, como: molhar o couro cabeludo antes de usá-la, trocá-la de 30 em 30 minutos aproximadamente para que o couro continue resfriado por toda a sessão de químio, deixar 15 minutos a mais após acabar a medicação (este último descobri só agora pesquisando e nunca fiquei esse tempo depois) e após seu uso evitar lavar, usar secador, amarrar e escovar os cabelos, o que faz sentido, já que cada vez que praticamos algum desses atos, o cabelo cai consideravelmente, ou pelo menos comigo está sendo assim.  Estou usando a touca nas sessões de taxol, apesar de ainda estar avaliando seus benefícios, posso dizer que meu cabelo está bastante ralo, caindo gradativamente, diferente da primeira vez, que caiu praticamente todo em uma semana. Acredito que a touca esteja segurando realmente a maior parte do meu cabelo, pois no meu caso, houve redução da queda, está muito ralo, acredito que perdi cerca de 40%, tanto que acho que em breve vou aderir os lenços e chapéus novamente. Como ainda estou na 6ª sessão de taxol, ainda não sei como ficarão meus cabelos até acabarem as químios. Não gosto daquela aparência de cabelo muito ralo, com falhas no couro cabeludo, pois fica estranha, com “cara de câncer” (quem gosta?). Ainda ando me questionando se prefiro ficar careca de uma vez ou se agüento fios caindo no banho, na escova, no travesseiro, na comida. E o pior é que os primeiros cinco minutos com essa touca são os piores, pois congela mesmo a cabeça, parece queimar o couro cabeludo e nesses minutos dá vontade de desistir. Choro toda vez. Depois passa e parece que anestesia tudo e você consegue suportar. Daí, depois de meia-hora vem outra touca e começa tudo de novo. Também há o incômodo de já estar fazendo químio e ficar com uma touca igual um capacete pesado na cabeça. Um saco - é a verdade! O problema de ser careca de novo é que também é um saco esperar até que os cabelos tomem forma e cresçam “bonitinhos”. Se deixar o cabelo ficar ralo eles podem crescer e endireitar mais rápido, mas as toucas seriam necessárias até chegar nesse dia. Então, se quiser continuar com os cabelos, força na peruca, ou melhor, força no couro cabeludo..rs!

Antes de iniciar o taxol, cortei os cabelos na altura do pescoço, para poder gerenciar melhor a queda e ser menos “doloroso”. Porque sim! O cabelo importa sim! Já fui careca uma vez, gostei de usar lenços variados, andar careca, me sentir “mais livre”, foi diferente, por vezes divertido, por vezes triste, mas não gostaria de passar por isso de novo. Mas se tiver que passar, vamos lá, vai passar, é só uma fase. Por enquanto, vou continuar usando a touca, lavo o cabelo umas duas vezes na semana, penteio pouco, não uso secador, e depois, vamos avaliar o seu resultado. A sobrancelha, que já não quase existia desde a primeira vez (fiz tatuagem definitiva), os fios que restaram estão sumindo e até a tatuagem parece estar falha em alguns pontos. Já estou pesquisando aonde retocar. A sobrancelha muda o rosto. É melhor ter uma!

Na primeira fase (com o Caelyx de 21 em 21 dias) tomei algumas medicações para enjôo e estômago (e outras coisinhas) durante e depois das químios, mas na fase taxol (semanal, com uma folga depois de 3 semanas) só uso medicações durante a sessão de QT. O bom é que tem uma que dá um sono gostoso, que apesar da touca dar uma acordada na gente, ainda dá pra relaxar, tirar um cochilo.

Apesar de estar sendo submetida ao dobro de químios da primeira vez (dessa vez 16 no total), os efeitos colaterais estão realmente mais amenos e mais suportáveis. Não gosto de ficar falando de sintomas, mas para poder compartilhar e trocar experiências com quem está passando pelo mesmo problema, acho bom comentar. Sinto geralmente uma sensação de esquisitice que é difícil de explicar, até agora um pouco de cansaço nessa fase mais recente, algumas dores musculares (nas costas principalmente), tive mucosite (aftas), dor de cabeça, manchas e descamação da pele, sensação de paladar alterado e gosto ruim na boca nos primeiros dias após a aplicação, além da sensação de remédio no corpo (essa já deve ser coisa minha), leve neutropenia e leucopenia, e uma levíssima anemia (essas últimas são normais para quem faz químios). Nesta fase a imunidade tem altos e baixos e aumenta o risco de se contrair infecções, por isso, é importante se preservar e ficar quietinha, longe de aglomerações e lugares fechados principalmente. As minhas veias também estão precisando de cuidados especiais, pois como só posso usar o braço esquerdo (no direito fiz esvaziamento axilar) o coitadinho está ficando bem “detonadinho”, tive flebite, asclerose e cada vez está mais difícil achar um acesso de primeira, mas estou cuidando agora com algumas compressas diárias de infusão de flor de camomila e exercícios com aquelas bolinhas para apertar. Eu não poderia deixar de citar a chata da menopausa (temporária, assim espero), que me trouxe novamente as ondas de calor, sudorese noturna e outras chatices.

Dessa vez a ideia era falar sobre as químios, reações e a touca principalmente, mas já estou preparando um novo post mais reflexivo...rsrs.

A primeira foto foi durante a primeira químio com o Caelyx e antes de eu cortar os cabelos (eu e mami). Na segunda estou usando a touca hipotérmica que está enrolada com uma faixa para fixar melhor no couro cabeludo.

No mais, é vida que segue...  
                                                                                                
Abaixo seguem links de algumas reportagens sobre a touca hipotérmica:





quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

5 anos depois...uma recidiva


Pois é! 5 anos depois, uma recidiva.

Vou contar tudo...

Na verdade, notei um carocinho pequenino, palpável, bastante firme localizado na mama mastectomizada em meados de março. Para ser mais exata, o nódulo estava bem no limite da cirurgia de mastectomia. Fizemos uma ecografia que sugeriu um lipoma localizado às 10 horas na região subcutânea da mama direita. O lipoma seria um acúmulo de tecido adiposo, caracterizado como uma alteração benigna, comum em áreas que sofreram com cirurgias. Três meses depois, partimos para a ressonância das mamas. Nada foi visto. Nem ao menos o carocinho que eu sentia quando apalpava a área. Por isso a importância de se fazer vários exames diferentes de imagens, pois o que um não vê, o outro pode ver. E ele ficou lá até setembro, quando notamos um pequeno crescimento e fomos tirar a prova com mais uma ecografia, juntamente com a mamografia. Na primeira, BI-RADS US 4B, e na segunda, BI-RADS US 4C, ou seja, os dois com suspeita de malignidade. Foi difícil detectá-lo na mamografia, mas depois de muita “manobra” conseguimos achá-lo e ver que realmente havia modificado de tamanho.

Fizemos a excisão cirúrgica no dia 15 de outubro, com anestesia local e sedativo, saí no mesmo dia. No outro dia, meu maridinho também foi submetido a uma cirurgia no joelho esquerdo da qual teve que reconstruir o ligamento cruzado anterior, fazer uma artroscopia no menisco e ainda uma raspagem na cartilagem. Em casa era um ajudando o outro. Eu não podia mexer o braço e ele a perna..rs.

Alguns dias depois minha mastologista me ligou me contando sobre o diagnóstico. O que eu temia estava acontecendo: uma recidiva. O anatomopatológico indicou Carcinoma ductal infiltrante de alto grau (grau 3 de nottingham). Fiquei meio absorta por alguns segundos e logo desabei para o meu marido que estava olhando pra mim enquanto eu falava com ela ao telefone. O susto passou logo. Depois veio um medo. Medo do que estava por vir, do incerto, de metástase, de sei lá o quê, de estar acontecendo de novo, da morte... sim! Pela primeira vez senti um frio na barriga em pensar que é assim que essa doença faz. Ela nos pega sempre “desprevenidos” (claro! Ninguém está preparado nunca. Nem para um primeiro e nem para um segundo, terceiro, quarto diagnósticos...), surge em algum lugar dentro do seu corpo, depois vai se espalhando e um dia ele (o corpo) não agüenta. Aí você deixa para trás sonhos, amores, saudades, vazios. Dessa vez senti este medo. Pois isso quer dizer que existe um monstrinho pronto para explodir dentro de mim, ou seja, essa predisposição genética a desenvolver o câncer existe, de fato, em mim.

Sempre me preocupei muito com a mama esquerda, a mama sadia, pois vira e mexe aparece algo suspeito por lá. Porém, o bichinho estava escondido era na direita mesmo. A recidiva foi local, surgiu no mesmo local de origem. A mama mastectomizada nunca é 100% removida e algumas células podem ter sido liberadas no tumor primário.

Na oncologista, conversamos sobre o tratamento. Da primeira vez, meu tumor foi classificado como – triplo negativo (ou basal-símile) – tipo de tumor que é normalmente agressivo, não é receptor de estrogênio e de progesterona, e negativo a proteína HER2. Por este motivo é um tipo de tumor que não se conhece bem, não se sabe ao certo como ele agirá e como responderá aos tratamentos. Desta vez, as características do novo tumor eram diferentes. Deu positivo para os receptores hormonais, sendo neste caso, considerado o subtipo molecular – luminal B. 

A partir desses dados pode-se começar definir um tratamento, porém, por diversos motivos, a quimioterapia ainda não estava definida no meu tratamento e por recomendação médica, optamos por fazer um teste chamado ONCOTYPE DX. Este teste de expressão gênica é realizado somente nos Estados Unidos (o material é enviado ao laboratório por meio de representantes aqui no Brasil) e consegue avaliar 21 genes relacionados ao crescimento e proliferação dos tumores de mama. Ele é utilizado principalmente para orientar a tomada de decisão em relação ao tratamento quimioterápico, além de avaliar a probabilidade de recidiva em aproximadamente dez anos. Demoramos um pouco para levantar a grana ($ 4.610,00 – cerca de R$ 12.000,00) para realizar o teste, que com ajuda da minha família (tias, tios, primos e primas – que me fizeram uma surpresa arrecadando entre eles a metade do valor) foi bem mais rápido. Mas o que demorou mesmo foi a burocracia para se fazer uma transferência bancária internacional... aff...

O resultado do meu teste não foi dos melhores. Ele revelou que possuo 37% de risco de recidiva e ainda estou incluída no grupo de alto risco. A boa notícia é que o teste mostra um bom prognóstico após o tratamento de quimioterapia associado ao uso do tamoxifeno (hormonioterapia), do qual essa taxa cai para cerca de 10%.

Já iniciei os ciclos de quimioterapia, até o momento já fiz três sessões e já temos uma quarta marcada (19/02/15). No meio disso tudo ainda tive que travar uma pequena batalha judicial com meu plano de saúde (SulAmérica – falo mesmo!) que por meio de uma liminar consegui continuar o tratamento recomendado pela médica. Absurdo! Tentaram cancelar parcialmente meus medicamentos com a alegação de que não tinham indicação para minha patologia. Hahaha... Como assim? Não tem indicação? Oi? Onde os médicos da SulAmérica estão fazendo esses estudos? Nem acreditei direito, parece absurdo, e é. Passei um dia inteiro na Defensoria Pública, foi cansativo, tive total apoio e auxílio dos meus primos advogados e graças a Deus deu tudo certo.

Agora vamos esperar as químios acabarem, seguir para rádio (que depende da avaliação do radioterapeuta ainda, pois não se pode fazer rádio no mesmo local duas vezes) e tratamento hormonal com o tamoxifeno. Fiz um PET-CT (corpo zerado, amém!), outra biópsia guiada (mamotomia) por ressonância na mama esquerda (temos que continuar de olho nela também), ecografias e tomografias.
E assim a vida segue, ela não pode parar. Vamos apenas incluir o tratamento na vida diária e seguir em frente. Os planos e sonhos continuam e estou correndo atrás deles. Sou muito grata a Vida pelos ensinamentos diários, a Deus por me permitir vivê-la e estar aprendendo. Sou grata ao meu maridinho lindo que está sempre ao meu lado em todos os momentos (meu amor, meu cúmplice, meu parceiro, que a cada dia que passa fico mais apaixonada e mais feliz ao seu lado), a minha família – meu pai, minha mãe (minha companheira de todas as horas) meus irmãos, que se desdobram para me auxiliarem, me apoiarem e me deixarem tranqüila – as minhas tias, tios, primas e primos que não medem esforços para me verem feliz e curada, toda hora demonstrando apoio e carinho – minha vovozinha sempre cuidadosa e preocupada – e as minhas amigas e amigos, que são poucos, mas verdadeiros.


Eu e maridinho estamos morando ”na roça” e foi a melhor coisa que fizemos neste momento (apesar de eu ter feito a primeira químio numa quinta-feira e mudado num sábado - #nãorecomendo#éloucuratotal). Aqui encontro a paz que preciso para me recuperar. Da primeira vez, quando eu queria fugir, fugia pra cá. Agora eu moro aqui! Piso na grama, olho pro céu, olho pro verde, abraço uma árvore, corro e brinco com meus cinco cachorros (ás vezes sete cachorros, quando meus sobrinhos de quatro patas vêm nos visitar), acordo vendo araras e tucanos passando pela minha janela, sinto o cheiro do mato molhado pela chuva, sinto o cheiro da tranqüilidade, da paz e da saúde.