Eu sou uma paciente oncológica e minha história com o câncer de mama começou em 2009, quando prestes a completar meus 30 anos descobri um tumor no seio direito, que se manifestou por meio de um derrame papilar, uma secreção pelo mamilo que estava localizado nos ductos da mama. A partir daí iniciei uma maratona oncológica durante os últimos 12 anos.
Resumindo bem o meu tratamento, até hoje
foram 10 cirurgias, sendo a primeira a mastectomia radical, juntamente com um esvaziamento
axilar, já que o tumor havia atingido alguns linfonodos da axila. Além disso,
foram 24 quimioterapias, 28 sessões de radioterapia, duas recidivas (2014 e
2017), e estou há cerca de 6 anos em tratamento com a hormonioterapia (houveram
mudanças de medicações nesse tempo) do qual continuarei por mais alguns.
Hoje me encontro bem, “estou limpa”, não
tem doença ativa no meu corpo, e costumo dizer que renasci por 3 vezes na mesma
vida. Diante de tudo isso, eu sempre quis tentar enxergar o que eu poderia
aprender, pois nos damos de cara com a finitude da vida, o que nos leva
refletir e dar pausas para respirar para entender as situações que ela nos
impõe e que somos obrigados a enfrentar. Eu consegui ver o lado ruim e lado bom
de tudo isso.
O lado ruim, é que não é fácil, pelo
contrário, é muito difícil lidar com efeitos colaterais das medicações, ver o
corpo mudar, cicatrizes, perder parte da identidade feminina, perder cabelo, seio
etc. Porém, são essas cicatrizes que me fazem lembrar todo dia que estou viva e
que é isso o que importa, pois não tenho o que reclamar, estou aqui, VIVA!
Aprendi que é melhor não focar no problema, mas sim focar na solução. Tem uma
frase que uso como lema que é “A dor a gente não pode evitar, mas o sofrimento
a gente pode”, pois de fato podemos escolher enfrentar os problemas sem sofrer,
sem focar no pior, e tentar ver sempre o lado positivo de tudo, já que a dor de
passar por eles é inevitável. A gente explode, grita, esperneia, fica meio
“oncolouca”, mas depois respira, e vida que segue!
O lado bom de tudo isso foi sentir o amor
das pessoas ao meu lado, tanto aqueles ao meu redor, minha família, parentes,
amigas e amigos, quanto gente que eu nem conhecia, que de longe emanava vibrações
positivas e torcida pela minha saúde. Foi sempre muito gratificante receber esse
carinho das pessoas. Ainda tive direito a um pedido de casamento na cama do hospital,
um dia após a cirurgia de mastectomia que iniciava essa história toda, dia do
meu aniversário de 30 anos. Foi lindo! E é verdade que passamos a dar valor nas
pequenas e simples coisas da vida, a selecionar mais, e a dar bastante valor à
vida, e assim o lado bom acaba superando o lado ruim.
A palavra, portanto, é prevenção.
Realizando o autoexame para detectar qualquer alteração nas mamas, indo ao
médico e fazendo os exames regularmente, como ecografia, mamografia a partir
dos 40 anos, e em casos específicos a ressonância das mamas, podemos ter um
diagnóstico precoce que faz toda a diferença quando se fala em chances de cura.
Em todas às vezes eu estava atenta e senti a diferença no meu corpo e tenho
certeza que esse diagnóstico precoce foi o diferencial que salvou minha vida nas
três vezes.
O “Outubro Rosa” está no fim, mês de
conscientização e informação com relação a prevenção do câncer de mama, mas os
cuidados devem continuar durante o ano inteiro. E vale lembrar que esse mês não
representa apenas um lacinho rosa no peito, é tempo de agir. Não adianta postar
sobre o assunto se você mesma não realizou seus exames preventivos. Vamos
praticar o autocuidado e levar informação para quem precisa. Juntas sempre
somos mais fortes. Temos que estar atentas ao nosso corpo, tentar enxergar quaisquer
mudanças e procurar ajuda médica o mais rápido possível, pois infelizmente o CA
não espera, e a vida está aí, linda, para ser vivida em toda sua plenitude.
P.S.:
Na foto (@fotosergiocamargo) eu vivendo a minha plenitude por meio de remadas de amor e saúde,
juntamente com outras mulheres guerreiras e sobreviventes dessa loucura toda do @canomama_time
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