quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O diagnóstico 18.06.09

Exatamente uma semana antes de completar meus 30 anos, recebi o diagnóstico: câncer de mama. Cerca de seis meses, vinha tratando da mama direita por causa de uma mastite, inflamação nas glândulas mamárias ocasionada por bactérias, que no meu caso pode ter sido pelo uso de cigarro, pois as toxinas deste podem ter se acumulado nos ductos do meu seio causando a infecção. A princípio tratei, por meio de antibióticos e comecei um tratamento para parar de fumar. Nesta época fiz a primeira ecografia mamária que nada constava. Depois de uns dois meses, parecia que a mastite tinha voltado (tinha diminuído os cigarros diários bastante) e ainda começou a sair uma secreção involuntariamente do mamilo. Voltei a minha médica mastologista, Dra.Giovanna, que pediu nova ecografia que também não deu em nada, a secreção do mamilo era um derrame papilar que provavelmente estava liberando as secreções ocasionadas pela mastite. Passado mais ou menos um mês, minha médica coletou a secreção do mamilo que continuava a sair e que já não podia mais representar sintomas da mastite, pois estava demorando demais. O resultado citológico saiu em uma semana, minhas células apresentavam neoplasia, ou seja, havia células de tamanhos irregulares e o patologista sugeria uma biópsia. Apesar do resultado não querer dizer muita coisa, pois poderia ser somente um derrame papilar, lembro que a partir deste dia (meados de maio) lá no fundo alguma coisa me dizia que havia algo de errado. Foi pedido então pela minha médica mais uma ecografia e uma mamografia para confirmar a necessidade da biópsia. Depois deste dia, o medo de um câncer me fez retomar o tratamento de tabagismo.
Só consegui fazer os exames na clínica que minha médica recomendou umas duas semanas depois, em uma quinta-feira. O resultado, veio na segunda: microcalcificações agrupadas nos ductos da mama direita. Minha médica havia tirado licença maternidade, pois ganharia seu primeiro bebê já na quarta-feira, dois dias depois do meu resultado sair. Mesmo assim, pediu que ligássemos para ela para ler o diagnóstico. Minha mãe colocou a conversa no viva voz e ouvi minha médica dizer que não poderíamos esperá-la, pois havia ficado um pouco assustada. Ali, diante de suas palavras, tive medo. Mas ainda não podia considerar nada, pois antes deveria ser feito um exame histológico (biópsia). Ela (médica) se antecipou e ligou para um amigo médico também mastologista para que pudesse me atender o mais rápido possível. A consulta foi realizada na manhã seguinte no primeiro horário. O médico marcou a mamotomia (mini cirurgia realizada com anestesia local em que se tira uma amostra de tecido para análise) para dois dias depois.
No dia da mamotomia, fui com minha irmã Débora, o que foi ótimo, pois apesar da angústia, ri o tempo todo, se tivesse ido com meu pai ou minha mãe, com certeza estaria chorando. Minha mãe naquele mesmo dia estava passando por uma cirurgia, para retirada de pólipos do útero, mas não corria perigo. O problema é que coincidiu com meu exame, o que ela não queria de jeito nenhum. Mas graças a Deus correu tudo bem e no mesmo dia ela estava em casa. Voltando a minha mamotomia, doeu demais, ao contrário do que disse uma senhora que tinha feito antes de mim – “ Não dói nada...” – ou ela não sente dor ou mentiu para mim, porque o meu doeu muuuito. Depois o médico me disse que doeu, pois estava muito dura a calcificação e ele nem pôde coletar muito. Pedimos urgência no resultado, que normalmente sai em quinze dias, o meu saiu em uma semana, uma semana antes do meu aniversário.
Esta foi à semana mais angustiante da minha vida. Li sobre quase tudo e tinha quase certeza do que ia dar no meu exame. Este “quase” que era terrível... será que estou doente? Será que vou ter que tirar meu seio? Será que isto está acontecendo? Eram várias as perguntas... e o medo... e a agonia... toda vez que estava sozinha chorava aos prantos e não parava de pensar nisso.. só queria ouvir logo da boca do médico que eu tinha ou que eu não tinha, o diagnóstico que fosse eu estava preparada, só queria ter logo certeza.
A semana passou, devagar, mas passou... Assim que o resultado saiu, corremos ao médico (eu, minha mãe e minha irmã). No caminho do patologista ao meu médico mastologista, li o diagnóstico: carcinoma ductal in situ. Eu já sabia que era isto, já tinha lido tudo. Não chorei, minha mãe chorou por mim. Esperei a conversa com o médico. Ele já disse tudo o que estava acontecendo, o que ia acontecer e o que poderia acontecer. O que estava acontecendo era que eu tinha uma forma inicial de câncer de mama, que estava dentro dos meus ductos, o que ia acontecer era que eu teria que realizar uma mastectomia radical da mama direita já na semana seguinte e o que podia acontecer era o câncer ter se tornado invasivo, ou seja, saído dos ductos e passado para os linfonodos nas axilas, que já seria um pouco mais agressivo, pois teria que fazer quimioterapia além da radioterapia. Assim que sai do consultório do médico, desabei junto com a minha mãe e minha irmã, choramos muito, não conseguindo acreditar no que estava acontecendo... Este primeiro momento é meio desesperador.
Nesta altura, meu pai já estava sabendo e parte de minha família também. Cheguei em casa e recebi o carinho da minha família, meus pais e irmãos, meu amor, tias e primas que quando souberam vieram prestar apoio, muito importante neste momento.
Na manhã seguinte, já estava conversando com o cirurgião plástico, que explicou sobre a reconstrução da mama que no meu caso seria feita na mesma cirurgia. Na verdade é colocado um expansor, uma espécie de prótese temporária ou implante vazio, que ao longo de semanas vai sendo preenchido com soro fisiológico para distender a pele lentamente e só depois do término do tratamento é que se coloca a prótese definitiva. Ai que vem a parte boa... já que estamos passando por isso, vamos aumentar né.... Bem, quando chegamos para conversar com o médico, eu e minha mãe, ainda muito abaladas e sem conseguir digerir direito o que estava acontecendo, não parávamos de chorar. Minha primeira pergunta foi: “Meu peito vai ficar igual?”. Mas o médico, que apesar de ser cirurgião plástico, me surpreendeu com suas palavras e sua visão espiritualista dos acontecimentos da vida. Entrei lá chorando, preocupada com estética e saí de lá sorrindo, pensando que realmente existem coisas mais importantes na vida, ou seja, a própria vida.
Neste mesmo dia consegui realizar todos os exames necessários para a cirurgia. Na segunda-feira seguinte, já estava com os exames em mãos e pronta para a cirurgia. Só restava que os médicos e o hospital se conciliassem para o mesmo. Este dia quase foi o do meu aniversário, mas minha mãe não queria de jeito nenhum que a cirurgia fosse feita naquela data. Ligou, conversou, pediu e conseguiu... a cirurgia ia ser feita na quarta-feira, um dia antes, mas pelo menos eu não ia passar meu aniversário em uma mesa de cirurgia, que era o que ela não queria. Mãe é mãe.

2 comentários:

  1. estou passando pelo mesmo problema, eu acho. Fui ao médico e foi constatada a mastite, o que esta doendo muito. Também fumo e estou tentando parar, estou com medo, pois estou com infecção no útero. Não sei o que pensar, mais espero que não seja nada. Tenho 3 filhos, que amo muito, e meu marido, que me ama mutio, eu eu amo ele. Não sei o que pensar, mais tirei grande força desse depoimento... Seja o que DEUS quiser, eu confio minha vida a ele....

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  2. Realmente, a vida é o que mais interessa menina....eu estou com dores horriveis e a ultrassografia deu que tenho que repetir em seis meses, estou angustiada, nem sei se consigo esperar até lá...o pior é que só pensamos o pior...graças à Deus a medicina tem estado cada vez melhor e confiável e há sempre uma esperança p nós.
    Obrigada por me deixar ler seu depoimento, valeu e está me dando forças para enfrentar o que der e vier....E Deus à frente, claro!

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